A resposta da nossa empresa ao Coronavírus

27/04/2020

Por Raúl Ferrão​

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Em Março combatemos o pânico e a desinformação, em Abril combatemos o vírus. Desconfio que em Maio vamos ter de combater a saturação, o esquecimento e o facilitismo. Mas já lá vamos.

O ano de 2020 começou bem. Apesar de diversas fontes indicarem a possibilidade de haver uma contração económica algures durante o ano e de haver notícias cada vez mais visíveis sobre o desenvolvimento do Coronavírus e da sua disseminação por mais e mais países, a verdade é que em Janeiro e Fevereiro a Neves & Ferrão batia mais uma vez recordes de facturação em construção. Especialmente no que toca ao nosso departamento de eventos, que trabalha principalmente com empresas desse sector, dando o apoio de arquitectura, engenharia e construção de estruturas especiais, a nossa carteira de trabalhos para o ano estava a crescer para números inéditos para nós.

Foi então que em Março, como que de repente, todos esses trabalhos para eventos foram cancelados, suspensos ou ficaram em situação indefinida. Rapidamente percebemos que o departamento de eventos não iria ter um volume de negócios significativo este ano.

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Estrutura provisória do nosso departamento de eventos para os Vision Awards 2017 | Imagem Neves & Ferrão

Logo a seguir foi a certificação energética a sofrer o embate. O certificado energético é obrigatório para vender ou arrendar um imóvel e nós fazemos uma média de 7 certificados energéticos por dia. Só um perito qualificado pela ADENE é que pode emitir certificados energéticos e, para isso, tem de fazer uma visita ao imóvel em questão, antes de proceder ao cálculo e emissão propriamente ditos. Com boa parte dos peritos qualificados e os próprios clientes a implementarem voluntariamente o distanciamento social e recolherem-se em casa ainda antes das orientações do Governo, tornou-se difícil e perigoso fazer as visitas e assim o número de certificações energéticas caíu de 7 por dia para 3 por semana.

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É em Lisboa que os nossos peritos qualificados de certificação energética fazem a maioria das visitas a imóveis

Foi nesta altura, na segunda quinzena de Março, que fomos forçados primeiro a reagir e depois a agir para fazer face ao novo paradigma.

Estava instalado o pânico geral e abundava a desinformação.

Desde então, temos tido um esforço considerável de adaptação à nova realidade. A primeira acção foi a de transitar para teletrabalho. O departamento de projectos de arquitectura e engenharia foi o mais fácil: quase todo o trabalho é desenvolvido em computador e a Neves & Ferrão está preparada e pratica teletrabalho desde a sua fundação. As reuniões com clientes passaram imediatamente a realizar-se através do Teams, Zoom, Skype, Hangouts e Whatsapp. Quem não estava preparado era boa parte das Câmaras Municipais e outras entidades oficiais a quem é necessário entregar e obter aprovação dos pedidos de licenciamento mas, e concedo que para minha surpresa, também essas se adaptaram na sua maioria em menos de três semanas. Também os nossos serviços de atendimento telefónico e contabilidade transitaram facilmente para teletrabalho.

Mas nem todas as profissões podem ser exercidas a partir de casa e, no nosso caso, boa parte delas. Os nossos directores de obra, encarregados de obra, chefes de equipa, electricistas e ajudantes de electricista pura e simplesmente não podem transitar para teletrabalho - ou continuavam a trabalhar correndo riscos para a sua saúde e dos outros ou teríamos de parar a actividade dos departamentos de construçãoreabilitação e electricidade. Estes três departamentos representaram mais de dois terços do volume de negócios da Neves & Ferrão em 2019 e a decisão de suspender a sua actividade representaria um duro golpe na situação económica da empresa e inevitavelmente na manutenção dos seus postos de trabalho.

Este foi para mim o momento mais sensível de toda a pandemia que vivemos até agora. Foi também o momento em que recebemos uma inestimável confirmação por parte dos nossos trabalhadores que não podiam operar em teletrabalho de que iriam continuar a trabalhar. Por isto tive oportunidade de lhes agradecer pessoalmente e deixo aqui novamente o meu agradecimento - o vosso contributo pode ter sido decisivo para a continuidade das nossas operações. Tudo se faz desde que haja coragem, boa vontade, compromisso e tomando medidas de segurança. Álcool, lixívia, luvas, máscaras, viseiras, distanciamento entre pessoas e protecção são palavras que entraram no nosso léxico em força no último mês.

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Não é possível construir, reabilitar ou electrificar moradias em teletrabalho | Imagem Neves & Ferrão

Penso que é seguro afirmar que nenhum de nós ficou imune às notícias que nos foram chegando e que davam conta de uma escassez generalizada de EPI (Equipamentos de Protecção Individual) para os profissionais de saúde. Médicos e enfermeiros e não só, homens e mulheres que diariamente colocavam os seus conhecimentos à disposição da saúde pública e a quem faltavam equipamentos de protecção básicos, tais como viseiras. Foi então que no início de Abril tomámos conhecimento que a Faculdade de Ciências e Tecnologia, entre outras faculdades, tinha tomado a iniciativa de produzir viseiras com recurso à impressão 3D, folhas de acetato e elásticos para entregar aos hospitais que as solicitassem. Estava na altura de combater o vírus.

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Monique Reprezas a experimentar uma das primeiras viseiras que imprimiu | Imagem Neves & Ferrão

Pareceu-nos uma iniciativa muito interessante, não só porque ia resultar no fornecimento de EPIs a quem deles necessitasse mas também porque dava relevância e propósito aos alunos da faculdade. Para nós, a decisão de nos juntarmos à iniciativa e produzirmos nós próprios as partes impressas em 3D foi um no-brainer e imediatamente activámos os nossos contactos na FCT (muitos de nós formaram-se lá) e começámos a produzir com a nossa impressora que está mais habituada a imprimir maquetes de vivendas! Orgulhosamente imprimimos e entregámos as que conseguimos até à semana passada, durante a qual recebemos a boa notícia por parte da FCT de que a indústria já estava a produzir em massa e que já não era necessário imprimir mais.

Maio está à porta. Muitas pessoas passaram Abril inteiro em variados níveis de quarentena e começa a crescer um sentimento generalizado de saturação. Também o número de fatalidades e infectados apresentados pela DGS têm ajudado a descer os níveis de pânico e a crescer os níveis de sensação de segurança, quando comparados com alguns outros países. Vários sectores começam a preparar um regresso em Maio. Mas isto é um pau de dois bicos.

Para que haja retoma, é preciso que haja segurança e saúde. É necessário que continue a haver distanciamento, utilização de máscaras, viseiras, luvas, desinfectantes. E mais importante que isto tudo, é necessário que haja formação generalizada sobre como utilizar estas protecções, com a mesma intensidade com que a comunicação social nos enviou a todos para casa equanto o Governo ganhava tempo para saber o que fazer. É tempo de abandonar o #euficoemcasa e abraçar o #euestouprotegido. Não é isto que vejo: neste momento está um grande grupo de jovens a jogar basquetebol à frente de minha casa, não há qualquer distanciamento social e tenho visto estes comportamentos crescer nas últimas duas semanas. É preciso combater o facilitismo.

Mas voltando à Neves & Ferrão, quero terminar dizendo que apesar de 6 de nós estarem em regime de layoff, estamos todos de saúde e a maioria de nós no activo: as obras continuam com condicionantes, projectos continuam em casa e certificação energética também com maior nível de protecção - apenas os eventos estão em suspenso. O nosso próximo desafio vai ser no escritório, o de conduzir o regresso físico dos nossos colaboradores de forma responsável e com as especificidades de cada uma das áreas em que operamos. E porque nunca é de mais dizer: vai ficar tudo bem.


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